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Igualdade de gênero: todos ganham




Mundialmente, dentre as 1,5 bilhões de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema, 70% são mulheres e meninas. Metade dos lares das classes C, D e E são comandados por uma mulher sozinha. A grande maioria são mães abandonadas pelos pais de seus filhos. Segundo estudos, devido a vulnerabilidade das situações das mães, as crianças correm grande risco de morrer antes dos cinco anos de idade, de desnutrição e de ter um complicado desempenho escolar devido às condições de poucos recursos e assistência.


“O abandono parental afeta boa parte das mulheres de baixa renda. Essa mulher fica numa situação vulnerável no mercado de trabalho e tem baixa flexibilidade para se destacar” esclarece Carmen Miguele, professora da FGV.

Além da taxa de pobreza, a taxa mundial de desemprego das mulheres é de quase 15%, enquanto dos homens gira em torno de 11%. De acordo com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), apenas, 49% das mulheres no mundo estão inseridas no mercado de trabalho, versus 75% dos homens. No caso do Brasil, a situação é, somente, um pouco melhor, 56% dos empregos formais são ocupados por mulheres contra 77% entre os homens.


No entanto, de acordo várias pesquisas, igualando a taxa de emprego masculina e feminina é possível conseguir incríveis implicações na economia global, aumentando o PIB dos EUA em mais de 9%, na Europa em mais de 13% e do Japão em mais de 16%. No Brasil, segundo a OIT isso levaria a um crescimento de 6% adicionais na economia brasileira.


As mulheres ainda compõem 75% de todo o trabalho não-remunerado. Conforme as economistas Juliana de Paula Filleti e Maria Fernanda Cardoso de Melo quase um terço da força de trabalho feminina se encontra subutilizada. Ou em situações precárias de emprego e de ocupação, e o cenário tem se agravado. Muitas ainda precisam largar o emprego por causa da gravidez, por cuidar dos filhos e/ou, também, de idosos. Conforme, o IBGE mulheres trabalham 20 horas, 50% a mais que os homens, nas atividades domésticas, e 3 horas semanais a mais no trabalho de forma geral.


Em relação ao salário, segundo o IBGE, mulheres recebem, em média, 20% a menos que a remuneração masculina: R$ 2.142 contra R$ 2.644. Sendo que, ironicamente, mulheres que possuem maior nível de escolaridade recebem, em média, quase 40% a menos que os homens na mesma situação.

Porém, um estudo realizado pelo Banco Mundial, estima que a riqueza total do mundo teria uma alta de 14% obtendo a igualdade salarial entre homens e mulheres. No estudo realizado, com análise de 141 países, atualmente, perde-se US$ 160 trilhões, cerca de duas vezes o valor do PIB global, devido à desigualdade de gênero.


“Garantir que as mulheres possam prosperar na força de trabalho irá desencadear um novo potencial e impulsionar o crescimento econômico ” OIT, 2018.

É inquestionável, o quanto que a igualdade de gênero é, antes de tudo, um direito e um assunto economicamente estratégico para os países, sobretudo para o Brasil que busca recuperação da sua economia. E por isso, o assunto deveria estar no topo da agenda política.


A HAJA sabe desses dados numéricos pela prática. Ela lida com a realidade de mães solteiras, de meninas e jovens que carecem de assistência. Por isso, um dos focos de trabalho é o empoderamento delas. Para encarar as dificuldades e resistir sem se abater é preciso preparar a mente e a percepção de quem essas mulheres são. É muito importante que saibam que a vulnerabilidade social e econômica em que se encontram não é culpa delas, não é algo que merecem e não é por falta de capacidade que estão ali. O problema e complexo e estrutural, conta com milhares de séculos de injustiças.


A percepção de poder das mulheres contribui para construção de novas realidades, segundo a WEConnect “Em sociedades em que as mulheres têm boas capacidades empresariais, a probabilidade de melhorar a percepção empreendedora das mesmas aumenta. Contudo, menos mulheres (47.7%) que homens (62.1%) acreditam ter a capacidade de iniciar e gerir negócios. ”

Assim, a HAJA, através da união de forças, de rodas de conversas e muito trabalho, busca ampliar a percepção dessas mulheres incríveis. Também, busca criar novas possibilidades de trabalho como é o caso do projeto Vejo um Jardim com a

plantação de suculentas, hoje, comandado por uma das mulheres da comunidade de 4 Rodas.


Mas sabemos que o caminho é longo para a igualdade de gênero. É preciso vontade e esforço para, primeiramente, mudar a cultura, principalmente, nas áreas mais vulneráveis. Mulheres e meninas não são propriedades, possuem voz e desejos próprios que precisam ser ouvidos e respeitados. No ano de 2019, o número de feminicídio dobrou no Brasil o que indica um grande retrocesso cultural.


Não podemos aguardar, apenas, que os setores públicos reajam. A HAJA teve em 2019 a sua primeira denúncia contra violência doméstica, esse é um passo importante que foi fruto de muitas horas de trabalho e precisamos de muita ajuda para prosseguir em defesa da igualdade de gênero. Contamos com você.


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