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Morro do Borel e HAJA: uma relação de longa data




O Morro do Borel começou a ser ocupado na década de 20 pelos moradores expulsos do centro da cidade, o qual seria revitalizado. O nome dado ao morro é uma referência aos donos da fábrica de cigarros que funcionava ali, os irmãos Borel. Mas a história de formação da comunidade é marcada por resistência, conflitos e lutas, foi o primeiro morro a criar uma organização de moradores, a União de Trabalhadores Favelados (UFT), em 1954, sendo referência de resistência para as demais favelas da cidade do Rio de Janeiro.


O complexo do Borel possui uma área de 345.880 m² cercada pela Floresta da Tijuca e fica localizada na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Pertence à região da grande Tijuca, a qual abrange Alto da Boa Vista e a Praça da Bandeira. A comunidade tem uma população estimada de 12.815 habitantes, segundo o senso de 2010 do IBGE. E a renda familiar da população está entre 1 a 5 salários mínimos, sendo que 38% das famílias recebem de 2 a 5 salários mínimos, 28% 1 a 2 salários e 10% das famílias tem renda de meio salário.


Considerado um bolsão de pobreza na região, os moradores do Borel sabem, desde a origem do morro, que o poder público não considera seus problemas uma prioridade, pelo contrário, sua ausência tem sido uma marca na região, e, diante disso, sua comunidade vêm enfrentando vários desafios como a alta evasão escolar das crianças e jovens, a pouca escolaridade da população, a intensa violência tanto do tráfico, quanto da polícia, além da falta de infra estrutura, que reflete na precária condição do saneamento básico, onde nem todas as famílias possuem água e esgoto encanado, também há o risco constante de doenças transmitidas por insetos e outros animais, e a falta de energia elétrica de algumas regiões do morro. Tudo isso é intensificado com a crise nos âmbitos municipais, estaduais e federais que geraram o aumento do desemprego e das dívidas de inúmeras pessoas.


Esse é um cenário já conhecido pelos nossos fundadores, Nádia Barbazarra e Pedro do Borel, o Morro do Borel faz parte da história do casal e ocupa um lugar especial em suas vidas. Quando começaram a trabalhar no morro, ele era considerado um dos mais violentos da América Latina e há mais de 20 anos que eles estão presentes implementando projetos junto à comunidade nas áreas da educação, saúde e cidadania. O grande diferencial do trabalho da HAJA no Borel, e seus resultados transformadores, partem de uma percepção interna dos problemas e necessidades, uma vez que não vêm de pessoas de fora, mas de quem está dentro. Já o Borel foi a casa da Nádia e do Pedro durante esses anos e seus moradores passaram a ser como uma família para o casal.


Perante essa jornada, a HAJA entendeu que era necessário avançar o trabalho, e a metodologia mais adequada para lidar como os problemas do morro é a Ecologia Social, onde o projeto Tá Limpo tem sido o representante dessa nova etapa dos trabalhos junto aos moradores do Borel.


A Ecologia Social entende que os seres humanos estão mutualmente conectados ao meio em que vivem, onde o ambiente é compreendido na sua totalidade: aspectos sociais, econômicos, culturais e naturais. Uma vez que uma ponta dessa relação se transforma, a outra consequentemente, é mudada, nesta perspectiva duas questões precisam ser consideradas: a valorização dos recursos locais e a participação da população.


Por isso, o Tá Limpo é um projeto que visa gerar a consciência comunitária de que cuidar do meio é cuidar de si, e a medida que um evolui, a outra parte melhora junto. O objetivo do projeto é que famílias que vivem com menos de meio salário possam ser capacitados e se tornarem agentes ambientais especializados em tratamento material de resíduos sólidos. Onde o tratamento é realizado através da instalação de pontos de reciclagem desses resíduos, em lugares estratégicos do Borel. Esse material é vendido gerando aumento da renda financeira dos agentes ambientais da comunidade, melhorando, juntamente, o meio ambiente, a saúde comunitária e aumentando a renda familiar das famílias.


O próximo desafio do Projeto é ter um sistema eficiente de prensa, hoje devido ao número de materiais recolhidos é preciso ter uma prensa capaz de dar conta do montante, por isso estamos com a campanha de arrecadamento de verba para a compra da prensa através deste link, assim evitamos que o recolhimento pare de acontecer. Também estamos prestes a instalar novos pontos de coleta de materiais recicláveis no Morro do Borel, tudo é feito de forma conjunta com os moradores e com a autorização da COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza Urbana). Acreditamos que ao gerar melhores hábitos na comunidade, também, geram-se transformações sociais e ambientais e esperamos que nos acompanhe nessa jornada.


Materiais consultados:


Texto Projeto Tá Limpo - Programa de Trabalho da HAJA

www.passport2freedom.org

http://www.upprj.com/index.php/informacao/informacao-selecionado/ficha-tecnica-upp-

borel/Borel



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