De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019, quase um bilhão de pessoas, incluindo 14% dos adolescentes em todo o mundo, viviam com algum tipo de transtorno mental.
Esses transtornos são a principal causa de incapacidade em todo o mundo, resultando em cerca de um ano com incapacidade a cada seis anos vividos. Pessoas com condições graves de saúde mental tendem a morrer em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis e tratáveis.
Tendo as desigualdades sociais e econômicas, emergências de saúde pública, guerras e crises climáticas entre as ameaças estruturais globais à saúde mental, a pandemia de COVID-19 foi uma entre essas. A pandemia levou a um aumento de mais de 25% na depressão e na ansiedade apenas no primeiro ano.
Sabe-se ainda, que em todos os países do mundo, as pessoas mais pobres e desfavorecidas são as que correm maior risco de problemas de saúde mental. Não é coincidência que o Brasil seja considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. As populações mais vulneráveis também são as menos propensas a receber serviços adequados de saúde mental.
“Mesmo antes da pandemia de COVID-19, apenas uma pequena fração das pessoas necessitadas tinha acesso a cuidados de saúde mental eficazes, acessíveis e de qualidade. Por exemplo, 71% das pessoas com psicose em todo o mundo não acessam serviços de saúde mental. Enquanto 70% das pessoas com psicose são tratadas em países de alta renda, apenas 12% das pessoas com essa condição recebem cuidados de saúde mental em países de baixa renda. Para a depressão, as lacunas na cobertura dos serviços são amplas em todos os países: mesmo em países de alta renda, apenas um terço das pessoas com depressão recebe cuidados formais de saúde mental e estima-se que o tratamento minimamente adequado para depressão varie de 23% em países de baixa renda para 3% em países de baixa e média-baixa renda (OMS, 2023)”.
Diante desse cenário, é urgente e imprescindível dar acesso a serviços de saúde mental adequados e eficientes, especialmente nas regiões periféricas, vulneráveis e negligenciadas pelas autoridades públicas. Por isso, a presença do psicólogo em projetos sociais é cada vez mais solicitada e crucial para promover o bem-estar psicológico e emocional dos indivíduos assistidos pelo projeto.
Além de oferecer suporte emocional, o profissional da Psicologia pode encaminhar crianças e adultos para serviços especializados, trabalhando em equipe multidisciplinar para garantir uma melhor qualidade de vida para os frequentadores dos projetos.
Assim também, o psicólogo pode contribuir para a elaboração e implementação de projetos e de políticas públicas mais eficazes e sustentáveis, ao fornecer informações relevantes sobre as dinâmicas sociais e as necessidades psicológicas de cada território e cultura em que atua.
Na HAJA, oferecemos o serviço de psicologia há pelo menos 2 anos. Nossa psicóloga, Karol Aracanjo, atua em dois eixos importantes: o primeiro com crianças e adolescentes, e o segundo com adultos, especialmente mulheres, as quais são as protagonistas do território de Quatro Rodas.
De acordo com Karol, o trabalho visa, primeiramente, romper com o ciclo de violência estruturante e transgeracional presente no contexto em que a HAJA se insere. Além disso, é importante lidar e intervir diante das consequências da extrema pobreza e seus impactos cognitivos, emocionais e sociais.
Para tanto, a psicóloga promove o acolhimento e fortalecimento das mulheres, apoiando-as na educação seus filhos e filhas de forma mais segura e livre da violência. Com as crianças, é feito o trabalho de assistência, de apoio emocional e de intervenções cognitivas. A ideia é que elas cresçam em um ambiente mais saudável, lindando com diversas emoções de forma mais saudável e, também, com menos violência. Com os adolescentes, o foco é o fortalecimento dos vínculos sociais e a preparação para o futuro no mercado de trabalho para que possam superar a extrema pobreza e terem maior qualidade de vida com uma boa rede de apoio.
O objetivo da atuação do psicólogo na HAJA é reduzir a exclusão social, promover a igualdade e justiça social, fomentar o desenvolvimento comunitário e a participação cidadã, além de ser mais um serviço que funciona através do cuidado e afeto.
Dessa forma, ele desempenha um papel fundamental no apoio a construção de uma sociedade mais justa e saudável, em que a saúde mental seja valorizada e cuidada de forma adequada e acessível a todos. Venha conosco e contribua para o acesso a direitos e serviços de qualidade de quem mais precisa.
Materiais consultados:
Comments