Erradicar a pobreza é o objetivo essencial da HAJA, e acreditamos que uma das maneiras mais eficazes de alcançar isso é através do cuidado e proteção das nossas crianças, rompendo com ciclos geracionais de desigualdade.
Como parte desse processo, Na HAJA, no mês de maio trabalhamos com a campanha Maio Laranja que aborda a proteção das crianças contra abuso sexual infantil, porém como esse tema é uma realidade que não podemos ignorar lembrar dela durante todo o ano é essencial.
Proteger as crianças e prepará-las para se defenderem de possíveis abusos é fundamental para garantir seu bem-estar e desenvolvimento saudável. É importante, assim, que pais e educadores possam adotar pelo menos 8 estratégias para ajudar a proteger as crianças contra o abuso sexual.
1. Estabeleça uma Comunicação Aberta e Honesta
A comunicação será a maior fonte de defesa de sua criança, assim é importante que ela possa falar sobre qualquer assunto sem que pais, educadores e cuidadores a xingue, julgue ou a envergonhe. Portanto, desde cedo, é crucial criar um ambiente onde as crianças se sintam seguras para falar. Incentive-as a expressar seus sentimentos e preocupações sem medo de julgamento ou punição. Explique que elas sempre podem contar com você e que é importante compartilhar qualquer coisa que as deixe confusas, desconfortáveis ou assustadas. E muitos importante, sempre diga que segredos são ruins e que não confie em quem pedir para guardar segredos..
O importante é que seu filho veja em você uma fonte confiável de informação e se sinta confortável para fazer perguntas sempre que aparecer alguma dúvida. Quando isso acontecer, deixe os questionamentos da criança guiarem a situação. Você não precisa responder nada além do que foi perguntado. Dê respostas simples e adequadas para a idade, mas nunca deixe de respondê-las (Eu me protejo).
2. Eduque sobre o Corpo e os Limites Pessoais
Ensine as crianças sobre as partes do corpo, usando os nomes corretos para cada uma delas. Fale sobre os limites pessoais e a importância de respeitar o próprio corpo e o corpo dos outros. Explique que algumas partes do corpo são privadas e que ninguém deve tocá-las sem permissão. Veja como a Sociedade de Pediatria orienta essa conversa:
Nomeie as partes do corpo e f ale sobre elas usando nomes próprios, ou pelo menos ensine a criança as palavras reais de suas partes do corpo. Como: “meninos têm pênis e meninas têm vagina”. O nosso corpo é a nossa parte mais real e precisa ser respeitado e tratado com realidade e não fantasia.
Diga a criança que as partes íntimas do seu corpo são chamadas de íntimas porque não são para que todos vejam. Explique que a mamãe e o papai podem até vê-los nus enquanto lhes auxiliam no banho e/ou na troca de roupa, mas nem o papai e nem a mamãe podem “fazer carícias ou cócegas” em suas partes íntimas. E esta regra continua para as pessoas que não vivem com ela na mesma casa. Os adultos e os coleguinhas só devem vê-los vestidos. Explique ainda que o médico dela pode vê-la sem suas roupas, porque a pessoa responsável por ela estará lá com ela. E o médico somente faz isso para ver como está a sua saúde. Crianças adoram quando lhes delegam “o poder de dizer não”.
3. Explique a Diferença entre Toques Seguros e Inseguros
Assim, ajude as crianças a distinguir entre toques seguros (como abraços e apertos de mão confortáveis) e toques inseguros (que podem causar desconforto ou dor). Enfatize que, se alguém tentar tocá-las de uma maneira que as faça sentir desconfortáveis, elas têm o direito de dizer "não" e contar imediatamente a um adulto de confiança.
Diga a criança que não permita que ninguém toque em suas partes íntimas e que nenhuma pessoa pode pedir que também que a criança toque o adulto. Diga que ela é a dona do seu corpo e não permita que outras pessoas possam estar passando a mão e nunca aceitar nada de ninguém além do pai da mãe. O abuso sexual algumas vezes começa pedindo a criança para tocar nele ou em outra criança. Alerte a criança para todas as artimanhas do abusador: “eu tenho um lindo cachorrinho, você quer tocá-lo? Vamos lá em casa para vê-lo?”; “Eu lhe dou muitos doces se você beijar aqui…” não conte para sua mãe.. e nosso segredo” (Sociedade Brasileira de Pediatria)
4. Use Recursos Educativos
Existem muitos livros, vídeos e outros recursos educativos que abordam o tema do abuso sexual de maneira apropriada para crianças. Utilize esses materiais para facilitar a conversa e reforçar as mensagens importantes. Certifique-se de escolher recursos que sejam adequados à idade e ao nível de compreensão da criança. Uma sugestão é a Campanha Defenda-se disponível em vídeo.
Ainda, segundo o jornal Folha, alguns livros são recomendados para conversar sobre o tema com crianças e adolescentes, como Pipo e Fifi da autora Caroline Arcari (ed. Caqui)
onde-se fala da diferença entre toque afetivo e toque abusivo para crianças a partir de 3 anos.
Outros livros publicados sobre consciência corporal e prevenção de violência sexual —entre eles: Que legal o abraço de Cacau também disponível em vídeo. Outro é Segredo Segredíssimo de Odívia Barros (Geração Editorial) sugerido para a idade de 6 anos. Ainda
Meu Corpo, meu Corpinho de Roseli Mendonça (ed. Matrescência) dito como livro "bonito e divertido que aborda integridade física, privacidade e proteçâo, com ensinamentos sobre partes íntimas, o poder de dizer não e a importância do diálogo com um adulto de confiança"(Folha).
Para adolescentes, a sugestão é Tuca e Juba - Ensinando Consentimento para Adolescentes
Julieta Jacob (ed. Caqui), indicado para adolescentes e crianças maiores de 12 anos, "o
livro vai abordar temas como consentimento, autoestima e relações saudáveis, com uma linguagem visual voltada para a geração que nasceu na internet e nas redes sociais" (Folha).
5. Reforce a Importância de Falar com Adultos de Confiança
Explique que, se algo ruim acontecer, elas devem contar a um adulto de confiança, como pais, professores ou outros familiares. Em casa ou na escola, como exercício, ajude-a fazer uma lista de pessoas com quem elas se sintam seguras para conversar e incentive-as a buscar ajuda sempre que necessário, a depender da idade mostre os canais denuncia. Esteja atento às crianças e adolescentes que não possuem adultos de confiança e se mostre disponível conversar com elas sempre que possível.
6. Ensine sobre Segurança Online
Com o aumento do uso da internet, é vital educar as crianças sobre os perigos online. Explique a importância de não compartilhar informações pessoais com estranhos e de reportar qualquer comportamento suspeito. Estabeleça regras claras sobre o uso da internet e monitore as atividades online das crianças. O Governo Federal disponibiliza gratuitamente algumas cartilhas de orientação sobre o assunto (clique nas imagens para baixar):
O vídeo abaixo resume boas dicas:
7. Promova a Autoconfiança e a Autoproteção
Encoraje as crianças a confiarem em seus instintos. Se algo não parecer certo, é importante que elas saibam que têm o direito de se afastar e buscar ajuda. Promova a autoconfiança e a capacidade de tomar decisões seguras e assertivas.
8. Esteja Atento aos Sinais de Abuso
Esteja sempre atento a marcas no corpo, mudanças no comportamento ou no estado emocional da criança, como medo excessivo, retraimento, agressividade ou problemas de sono. Esses podem ser sinais de que algo está errado e requerem atenção imediata. Nesse outro artigo apontamos alguns dos sinais que deve se atentar: https://www.haja.org.br/post/maio-laranja-2022-combatendo-a-viol%C3%AAncia-sexual-contra-crian%C3%A7as-e-adolescentes . Por fim, denuncie através do canal telefônico 100:
Proteger as crianças do abuso sexual é uma responsabilidade compartilhada por todos nós. Ao denunciar, educar, comunicar e criar um ambiente seguro e acolhedor, podemos ajudar as crianças a se defenderem e a crescerem de maneira saudável e confiante. Desta forma, a HAJA por ser dedicada à erradicação da pobreza, acreditamos que a proteção infantil é fundamental para garantir um futuro melhor e mais seguro para todas as crianças.
Junte-se a nós nessa missão e ajude a fazer a diferença na vida de muitas crianças. Juntos, podemos construir um mundo onde cada criança seja respeitada, protegida e amada.
Comentários